quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Tratamento cosmético da acne vulgar


O presente estudo teve como objetivo destacar os princípios básicos para o tratamento cosmético da acne vulgar numa perspectiva direcionada aos profissionais da estética facial, facilitando desta forma a elaboração e aplicação de protocolos para o tratamento da acne.

Para que o profissional de estética facial possa montar um protocolo personalizado para o tratamento da acne é preciso conhecer e identificar os tipos de lesões presentes na pele do portador e a fase do desenvolvimento da mesma.

A acne é a mais comum das doenças crônicas do folículo pilossebáceo da pele humana, afeta principalmente os adolescentes pela alteração hormonal que ocorre nesse período da vida, levando ao surgimento de lesões de acne na pele do portador. Causada por múltiplos fatores e que leva ao aparecimento de algumas lesões características. Podem ser apontados quatro pontos fundamentais como responsáveis para o desenvolvimento da acne: hipersecreção sebácea; hiperqueratinização folicular; colonização bacteriana e a conseqüente inflamação folicular e dérmica subjacente.

Do ponto de vista clínico a acne classifica-se em não-inflamatória e inflamatória, de acordo com o tipo de lesão predominante. As lesões clínicas da acne não inflamatória se subdividem em microcomedões, comedões abertos e fechados; já as lesões da acne inflamatória são as pápulas, pústulas, e as lesões mais graves são os cistos e nódulos.

Acne grau 1
Acne grau 2

Acne grau 3

Acne grau 4

Classificar a acne é importante, pois determina a escolha do protocolo estético personalizado ideal que atue nas diversas formas de apresentação das lesões e em todas as fases do desenvolvimento das mesmas. O tratamento da acne deve ser ajustado individualmente, de acordo com as características da pele do acometido, para que se alcance o resultado desejado.

Seqüência para elaboração de protocolos de tratamento da acne

O primeiro passo é preencher a ficha de avaliação, que tem por objetivos coletar informações sobre os hábitos de vida do cliente, possíveis contra indicações do tratamento, além de caracterizar o tipo de pele.Essa avaliação clinica deverá ser a mais completa possível, pois as informações colhidas nesta entrevista possibilitarão que o profissional da estética estabeleça um plano de tratamento personalizado a partir da seleção da terapêutica adequada.

Os princípios básicos para montar um protocolo de tratamento da acne vulgar devem ser ajustados individualmente obedecendo alguns passos que serão destacadas a seguir.

1. Higienizar
A seqüência dos tratamentos estéticos inicia com a aplicação do higienizante que tem por função emulsionar o material gorduroso, impurezas ou detritos, removendo-os em seguida.  Aplica-se o higienizante com os dedos, em movimentos circulares, e retira-se com algodão embebido em água.
Os cosméticos higienizantes indicados para pele acneica devem possuir princípios ativos que atuem na hipersecreção sebácea, fator fundamental no desenvolvimento da acne, inibindo a secreção do sebo sem irritar a glândula consequentemente reduzindo a oleosidade.
Após a higienização, é necessário esfoliar a pele para refinar a camada córnea com o objetivo de facilitar os procedimentos seguintes.

2. Esfoliar
Os esfoliantes cosméticos podem ser classificados em químicos, físicos/mecânicos e enzimáticos. Os produtos cosméticos esfoliantes atuam muito superficialmente, ou seja, na camada córnea sem atingir a epiderme e a derme.
A esfoliação química consiste na aplicação de um ou mais agentes esfoliantes/queratolíticos na pele, que podem ser substâncias sintéticas ou vegetais, geralmente ácidos orgânicos. Dependendo do tipo de esfoliante químico, concentração do ativo e de seu pH, o procedimento pode deixar de ser muito superficial, que atinge apenas a camada córnea, e se tornar um peeling médio ou profundo que pode atingir até a derme reticular.
Já a esfoliação física/mecânica utiliza substâncias abrasivas para o refinamento da camada córnea. Age por atrito da ação mecânica provocada pela pressão entre a pele e as mãos. Neste caso o produto pode ser veiculado em creme, gel e gel-creme.  Os esfoliantes que atuam nesse mecanismo podem ser naturais de origem vegetal, mineral, marinha, derivados orgânicos sintéticos, formadores de filme e carboidratos.

Esfoliação física

A esfoliação enzimática é definida como uma esfoliação realizada pela ação de enzimas que hidrolisam proteínas da camada córnea da pele (queratina), facilitando assim a remoção de camadas superficiais de corneócitos. As enzimas mais utilizadas são papaínas, extraída do mamão, e a bromelina, extraída do abacaxi.
Para cada grau de acne há indicações específicas de esfoliação em casos de acne moderada a grave, deve-se evitar a esfoliação física para não agravar o quadro clínico, pois no ato da esfoliação pode ocorrer ruptura das pápulas e pústulas, havendo riscos de infectar glândulas sebáceas e folículos não acometidos.

3. Emoliência
Se o objetivo do procedimento é fazer uma higienização com retirada de comedões, aplica-se em seguida o emoliente, que em cosmetologia, são substâncias alcalinas.
O princípio ativo mais utilizado é a trietanolamina, que descontrae, amolece e suaviza a camada superficial da epiderme (córnea), dilatando os poros e facilitando o processo de extração, porém, podem ser associados outros emolientes.
Os cremes amolecedores ou a loção emoliente pode ser associado ao vapor de ozônio, e/ou filme osmótico por aproximadamente 15 minutos. 



Vale lembrar que a emoliência e extração são etapas que podem ser necessárias ou não, depende de que forma a pele do cliente se apresenta.

4. Extração
Após a emoliência inicia-se o processo de extração mecânica das lesões, procedimento este exclusivo do profissional de estética. Para cada tipo de lesão há uma técnica adequada. A extração manual é indicada para microcomedões e comedões abertos. O extrator só é indicado em locais de difícil realização de manobra manual.

Extração manual 

Para facilitar a retirada do conteúdo dos comedões fechados (massa esbranquiçada), é indicado o uso da agulha de insulina de forma superficial, somente para facilitar a retirada do conteúdo sólido, impedindo desta forma, a evolução para uma lesão inflamatória.
Em casos de pústulas é aconselhado exercer uma leve pressão sobre o local, drenando o conteúdo purulento, facilitando o esvaziamento da lesão. As lesões internas como a pápula, nódulo e o cisto não deve ser manipuladas.

5. Equilíbrio do pH cutâneo
A etapa seguinte compreende o equilíbrio do pH da pele, o qual foi alterado pelo uso da substância amolecedora e dos outros cosméticos. O produto cosmético que tem essa capacidade é o tônico, que além de equilibrar o pH, complementa a limpeza e retira os últimos vestígios de impurezas da pele. Conhecer o pH dos produtos a serem utilizados é de extrema importância, pois a partir da obtenção dessa informação é que poderá ser feita a escolha apropriada do produto a ser utilizado, assim variando de acordo com a função e utilização de cada cosmético.
Esse produto cosmético veiculado em forma de tônicos deve promover a sensação de frescor e bem-estar, sem irritar a pele, nem sensibilizá-la. A propósito, importa salientar que a literatura não relata qual o pH ideal para os produtos cosméticos destinados à tonificação em contrapartida os autores descrevem que a maioria dos produtos cosméticos deve ter como pH ideal o mais próximo ao da pele, para que não ocorram modificações nos mecanismos de defesa.
Dependendo dos constituintes, os tônicos poderão ter funções específicas como hidratantes, adstringentes, calmantes, anti-sépticos entre outros.

6. Tratamento
Os PA utilizados nessa etapa terão uma função específica e muito importante. Neste momento a apresentação do cosmético mais utilizado é em forma de máscara, que atuará na pele por um bom tempo e facilitará a permeação.
As máscaras faciais são definidas como formulações cosméticas, destinadas a aplicação na face, em camada mais ou menos espessa, por período de tempo determinado, podendo variar de 10 a 30  minutos, dependendo da composição química e as ações pretendidas.

Segundo a legislação brasileira, as máscaras faciais são enquadradas na categoria de produtos cosméticos “destinados a limpar, amaciar, estimular ou refrescar a pele, constituídas essencialmente de substâncias coloidais ou argilosas que, aplicadas sobre o rosto, devem sofrer endurecimento para posterior remoção”.
Na finalização dos procedimentos em pele acneica, serão selecionadas máscaras específicas para acne não inflamatória e acne inflamatória, as máscaras mais utilizadas são as que contem princípios ativos cicatrizantes, antiinflamatórios, descongestionantes, anti-sépticos, adstringentes, anti-seborréicos, absorventes e/ou adsorventes.
As máscaras com propriedades hidratantes têm por função repor à pele substâncias fundamentais para manter a água na camada córnea. Podem ser aditivas com substâncias hidratantes ativas e/ou umectantes.

7. Finalização
A escolha do produto cosmético finalizador dependerá de como a pele se apresenta no momento, sendo que este deverá ser escolhido de forma correta para evitar reações adversas, pois este produto permanecerá na pele do cliente.
Há uma variedade de produtos cosméticos destinados a finalização do procedimento de tratamento da acne, entre eles pode-se citar os que possuem propriedades secativas, cicatrizantes que complementarão o tratamento.  Após a aplicação do cosmético finalizador, há sempre a necessidade do uso de protetor solar. No mercado cosmético os protetores solares indicados para pele acneica são veiculados na forma de géis, loções livres de óleo, soluções contendo filtros solares que conferem proteção dos raios Ultravioleta A e B.




O portador de acne deve reduzir sua exposição às radiações solares, pois essa em excesso causa um espessamento da camada córnea facilitando a obstrução do folículo pilosebáceo, contribuindo assim, para o agravamento da acne.

Há a necessidade de conscientizar o cliente sobre a importância de seu comprometimento ao tratamento e a utilização de cosméticos diariamente (home care) para se obter um resultado satisfatório.

Os procedimentos de estética facial devem ser executado por profissionais qualificados, seguindo as normas de Biossegurança, afim de minimizar os riscos biológicos provenientes desta atividade. Mas esse é assunto para outro post...

É importante salientar ainda, que em alguns casos, o uso de terapêutica medica é necessário, visto a gravidade das lesões, nesse sentido o profissional deve ficar atento para indicar ao seu cliente a procura de um médico dermatologista.

Este texto é parte do Trabalho de Iniciação Científica desenvolvido pelas acadêmicas Luíza Hochheim e Priscila Caron Dalcin do curso de Cosmetologia e Estética Univali – BC.

Abraços
Fá Piazza

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